Cão perdido de mulher em situação de rua que foi presa em Ipanema é encontrado
Zangão foi encontrado na Praia de Ipanema. Ele estava dormindo ao lado de uma lata de lixo Reprodução/ Instagram Um dos cachorros de uma mulher em situação...

Zangão foi encontrado na Praia de Ipanema. Ele estava dormindo ao lado de uma lata de lixo Reprodução/ Instagram Um dos cachorros de uma mulher em situação de rua que foi presa em uma ação da Secretaria de Ordem Pública (Seop) da Prefeitura do Rio em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi encontrado na manhã desta terça-feira (16) por voluntários após vagar pelas ruas. Ele estava perdido desde domingo (14). De acordo com a ONG Indefesos, Zangão foi encontrado por um morador do bairro que já está dando abrigo para outros 2 cachorros da sem-teto: Nina e Abelha. Ao todo, a mulher tinha 6 cães. Os outros 3 foram levados pela prefeitura. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O homem que resgatou Zangão contou ao g1 que chegou até ele graças a uma foto postada em um grupo e que o animal estava com medo, mas se acalmou quando ele foi até lá com os outros 2 cachorros. “Ele estava dormindo na praia, do lado de uma lata de lixo. Fui lá com os outros. Eles se viram e começaram a brincar”, contou o morador, que não quis ser identificado. Agora, ele busca um lar temporário para os cães. O caso Mulher em situação de rua é presa após ação da Seop que apreendeu cães em Ipanema A ação que separou a mulher dos cães aconteceu após o poder municipal receber reclamações sobre a presença da mulher com os 6 cachorros na Praça Nossa Senhora da Paz, um dos principais pontos do bairro. A prefeitura afirma que o objetivo era o ordenamento urbano. Outros moradores, no entanto, disseram ao g1 que os animais eram bem tratados, alimentados e que tinham coleiras e camas, além de cartão de vacinação. A mulher foi levada para a 12ª DP (Copacabana), onde, de acordo com a Polícia Civil, foi autuada em flagrante por desacato e resistência. Cães de moradora de rua em Ipanema Reprodução Em um vídeo obtido pelos moradores, feito após a prisão, ela disse que tinha 6 cães e que 3 foram apreendidos — a Seop fala em 4 animais levados (leia a íntegra na nota abaixo). A mulher, que não quis ser identificada, também se queixa que uma bolsa com documentos sobre as vacinas dos cães foi jogada no lixo, além de outros objetos – o que é proibido pela ADPF 976, que impede o recolhimento forçado de pertences e a remoção compulsória de pessoas em situação de rua. Um dos moradores diz que houve truculência na ação. "Falaram que teve uma denúncia de maus-tratos de cachorro, o que nunca aconteceu. Jogaram as coisas dela no lixo, caminha de cachorro. Cortaram as guias dos cães, os bichos ficaram desesperados. Três cães ficaram para trás e não foram apreendidos. Dois foram acolhidos por vizinhos e um está perdido, correu em direção a Lagoa", lamentou. LEIA TAMBÉM: 'A gente só tem direito ao chão?': nas madrugadas de inverno no Rio, população de rua relata que tem cobertas e colchões apreendidos Defensora pública aponta que ações de ordenamento contra pessoas em situação de rua no Rio ferem Direitos Humanos e ADPF Defensora critica ação A defensora pública Cristiane Xavier classificou o caso como um "absurdo ferimento aos Direitos Humanos". "É uma pessoa que não tem problema nenhum com a Justiça. A pessoa só está pedindo para o poder público acolhimento para ela e para os bichinhos, e não essa conduta absurda de violação. E, novamente, a questão do recolhimento forçado de documentos e pertences, que é proibido pela ADPF", afirma a subcoordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos do Rio de Janeiro. "Pegaram as coisas dela e jogaram no lixo. Ela está sem documentos, sem nada, então a gente tem um ciclo vicioso de expedir novos documentos e serem descartados. Então, deram uma saída fantástica de segregação que é a manutenção da prisão. Ou seja, eu não te dou acolhimento, mas eu te dou uma cela de uma carceragem e de um presídio", destaca Xavier. A Seop afirmou que a ação que apreendeu os cães e levou a mulher para a delegacia teve como objetivo a organização do espaço público e foi motivada por denúncias sobre a ocupação irregular da Praça Nossa Senhora da Paz. O que diz a SEOP A SEOP se pronunciou sobre o caso com a seguinte nota: "A Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP), por meio da Coordenadoria de Ações Territoriais Integradas (CATI), atuou nesta tarde de domingo (14/09) em uma ação coordenada pela Subprefeitura da Zona Sul, que também teve o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Zoonozes, na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. A ação promoveu a organização do espaço público, garantindo a preservação da ordem urbana e atendendo às demandas da população local relacionadas à ocupação irregular da Praça. Foram realizadas abordagens sociais a pessoas em situação de rua, com orientações sobre serviços de acolhimento, retirada de estruturas irregulares e encaminhamentos para atendimento social. A Zoonozes avaliou a condição dos animais presentes e determinou o acolhimento de quatro cães. Duas pessoas foram conduzidas a 12ª DP por maus tratos aos animais, além de resistência e desacato. O subprefeito da Zona Sul, Bernardo Rubião, lembrou que o cuidado com animais é uma das principais ações feitas pela administração municipal". "A Subprefeitura estará sempre ao lado de quem cuida e protege os animais. E essa nossa preocupação com o cuidado com os animais é uma constante", afirmou Rubião.