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O bilinguismo como passaporte para o futuro

Em um mundo globalizado e acelerado, dominar dois idiomas deixou de ser diferencial para se tornar requisito de adaptação, desempenho e sucesso. Pesquisas mos...

O bilinguismo como passaporte para o futuro
O bilinguismo como passaporte para o futuro (Foto: Reprodução)

Em um mundo globalizado e acelerado, dominar dois idiomas deixou de ser diferencial para se tornar requisito de adaptação, desempenho e sucesso. Pesquisas mostram que o bilinguismo muda o cérebro e o futuro das crianças. O bilinguismo como passaporte para o futuro Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo O futuro já começa a se dividir em dois idiomas nas casas ao redor do Sul Fluminense. Enquanto algumas crianças aprendem a somar, cantar e pensar em duas línguas, outras seguem em escolas que priorizam apenas a memorização de conteúdos e realização de provas. Os pais talvez não percebam, mas a diferença entre esses caminhos é profunda e irreversível. Estudos mostram que o ensino bilíngue não é apenas sobre falar inglês, e sim sobre como o cérebro aprende a pensar. Crianças bilíngues desenvolvem atenção, raciocínio lógico, empatia e flexibilidade cognitiva em níveis que se traduzem em vantagem escolar, social e profissional por toda a vida. De acordo com pesquisas na área, o cérebro bilíngue funciona de maneira distinta do monolíngue, sobretudo porque precisa gerenciar dois sistemas linguísticos ativos. Essa necessidade constante de seleção, inibição e alternância entre línguas molda profundamente seu funcionamento cognitivo. O bilinguismo como passaporte para o futuro Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo “A partir da minha vivência como mãe de uma criança que ingressou na Maple Bear com 1 ano e agora, aos 6, está concluindo a Educação Infantil, percebo claramente que o bilinguismo proporcionou um desenvolvimento linguístico acima da média, domínio de um vocabulário surpreendentemente amplo para a idade, como também ampliou sua autonomia, curiosidade, capacidade de se expressar.” - Juliana Nery - mãe founder (primeiras turmas) da Maple Bear Penedo. O cérebro bilíngue é mais eficiente Não se trata meramente de aprender uma segunda língua e se comunicar, pesquisadores como Ellen Bialystok e colaboradores já demonstravam, em seus estudos, que adultos e crianças bilíngues apresentam melhor desempenho em tarefas que medem conflito cognitivo ou mudanças de regra, em comparação com monolíngues (Bialystok, Craik & Luk, 2012). Por gerenciar duas línguas ativamente, os bilíngues desenvolvem consciência metalinguística — isto é, uma percepção mais explícita sobre como a linguagem funciona. Isso favorece habilidades como a leitura, a ortografia e a aprendizagem de novas línguas. A literatura mostra que essa vantagem se manifesta já na infância, potencializando o desempenho acadêmico (Bialystok, 2007; Takatsu, 2025 — com base nas linhas de pesquisa de Bialystok e colaboradores). A pesquisadora destaca ainda que as modificações causadas no cérebro através do bilinguismo são para toda vida, uma vez que o uso de dois idiomas fortalece áreas cerebrais responsáveis por atenção, controle inibitório e flexibilidade mental. O indivíduo bilíngue pratica diariamente a habilidade de escolher a língua adequada ao contexto, o que funciona como um “treino cognitivo” contínuo — uma vantagem não presente no cérebro monolíngue. Além disso, aqueles que são bilíngues não possuem dois sistemas isolados, como lembra François Grosjean: “o indivíduo bilíngue não é uma junção de duas pessoas monolíngues em uma”. Seus idiomas formam um único repertório integrado, no qual ambos permanecem parcialmente ativos mesmo quando apenas um está sendo usado. Essa integração facilita a aprendizagem de novas línguas e amplia a compreensão sobre o funcionamento da linguagem. Do ponto de vista educacional, Jim Cummins demonstrou que “o grau de desenvolvimento de uma criança em sua primeira língua é um forte preditor do sucesso acadêmico na segunda”. Ou seja, o desenvolvimento da primeira língua impulsiona o desempenho acadêmico em uma segunda, mostrando que o cérebro bilíngue opera com interdependência e reforço mútuo entre idiomas. Isso resulta em melhor leitura, escrita e raciocínio em ambas as línguas. Conforme observa Bialystok, “as vantagens do bilinguismo aparecem em tarefas que requerem atenção e controle” — benefícios associados a maior resistência aos declínios cognitivos ao longo da vida. Já o cérebro monolíngue, embora igualmente eficiente, não enfrenta as mesmas demandas de alternância e seleção linguística. Por isso, tende a operar com menor exigência das funções executivas, enquanto o bilíngue fortalece essas habilidades diariamente. Em suma, o cérebro bilíngue desenvolve vantagens importantes: maior flexibilidade cognitiva, melhor controle da atenção, maior consciência linguística, maior facilidade para aprender outros idiomas, melhor desempenho acadêmico e até maior resiliência aos efeitos da idade. Como sintetiza Ofélia García, “o bilinguismo pode ser entendido como um conjunto de recursos linguísticos que os falantes usam com fluidez”, revelando um cérebro preparado para navegar com agilidade entre diferentes formas de expressão e interação social. Em outras palavras, aprender em dois idiomas é como fazer academia para o cérebro. Matemática em inglês, lógica em dobro O bilinguismo também amplia a performance em matemática e ciências. São diversos os estudos que mostram que alunos que aprendem essas disciplinas em outro idioma desenvolvem raciocínio lógico mais refinado e maior capacidade de resolver problemas complexos. Uma pesquisa publicada na Frontiers in Psychology investigou como a língua de instrução influencia o desenvolvimento de conceitos matemáticos nos primeiros anos escolares, mostrando que instrução bilíngue (CLIL, Content and Language Integrated Learning, por exemplo) pode afetar positivamente o pensamento matemático. Um artigo no Bilingual Research Journal encontrou evidências de que crianças em programas bilíngues têm comportamentos de função executiva mais avançados, e que essas habilidades cognitivas estão relacionadas ao desempenho em matemática. O aprendizado simultâneo de linguagem e lógica fortalece os circuitos cerebrais responsáveis por abstração e associação — habilidades decisivas para o sucesso em áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Outro estudo recente publicado no “International Journal of Bilingual Education and Bilingualism” mostrou que crianças em programa bilíngue de imersão têm pontuações mais altas em matemática, e que as funções executivas “mediam” essa relação, mostrando que o aprendizado de uma segunda língua vai muito mais além do que desenvolver somente a comunicação. O bilinguismo como passaporte para o futuro Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Muitas mães relatam o quanto sentem diferença no idioma no dia a dia das crianças, como a Letícia Kataoka, uma das mães founder da Maple Bear Penedo: “A Júlia estava no metrô de Portugal comigo e tinha um casal falando em inglês. A Ju vira pra mim e fala: Mamãe, eles estão falando achando que ninguém tá entendendo nada, mas eu tô entendendo tudo… E ficou fofocando da vida alheia” A Camila Morais, mãe já mais recente na Maple Bear Penedo, também relata: “Desde que a Dandara entrou na Maple, eu vejo que a autonomia dela só aumenta. Em casa, ela já me pede as coisas em inglês e migra de um idioma para o outro com naturalidade. O fato de a escola ser bilíngue sempre foi um ponto forte para nós. Com menos de 20 dias de adaptação, ela olhou para mim pintando e disse: “Mamãe, finish!” Hoje, com apenas 3 anos, ela já transita entre os dois idiomas em casa e com a vovó, de forma espontânea e encantadora.” O bilinguismo e a inteligência emocional Mas as vantagens não param no campo da cognição. Crianças bilíngues apresentam maior capacidade de controlar reações impulsivas ou impactadas por estímulos emocionais. Isso ocorre por dois motivos: 1. Devido ao fortalecimento das funções executivas (atenção, inibição, flexibilidade mental), que também são usadas para regular emoções. 2. Alguns estudos mostram que falar sobre sentimentos em uma segunda língua pode produzir distanciamento emocional, facilitando a reflexão. Logo, crianças bilíngues podem, em certas situações, controlar emoções negativas com mais facilidade. Além disso, empatia, criatividade, consciência cultural, além de flexibilidade emocional e capacidade de adaptação são competências cada vez mais valorizadas em universidades e empresas globais. Enquanto isso, crianças que crescem monolíngues, tendem a apresentar menor flexibilidade cognitiva e emocional, dificuldade de alternar tarefas e menor consciência global — desvantagens significativas em um mundo conectado e competitivo. O bilinguismo como passaporte para o futuro Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Benefícios que duram a vida inteira Os efeitos do bilinguismo vão muito além da infância. Há evidência epidemiológica de que o bilinguismo pode atrasar o aparecimento de sintomas de demência. Num estudo robusto realizado por Alladi, Bak, Duggirala e colaboradores, 648 pacientes com demência foram analisados e verificou-se que os bilíngues apresentaram os primeiros sintomas cerca de 4 a 5 anos mais tarde do que os monolíngues, independentemente da escolaridade ou de fatores socioeconômicos. Estudos de revisão ampliam esse resultado e argumentam que o bilinguismo pode operar como um “fator de reserva cognitiva" para proteger contra o declínio neurodegenerativo. Estudos neurocientíficos brasileiros — como os de Lameira (2021), Cavalcante (2025) e Silva Gomes (2020) — confirmam que o bilinguismo reforça as funções executivas (atenção, inibição, planejamento e flexibilidade mental), o que protege o cérebro contra o envelhecimento precoce. O bilinguismo como passaporte para o futuro Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Uma vantagem competitiva global Relatórios da UNESCO e da OCDE, dentro da agenda Education 4.0, reconhecem o ensino bilíngue como pilar da formação do aluno do século XXI. Ele combina pensamento crítico, criatividade e adaptabilidade — as mesmas habilidades citadas pelo World Economic Forum como essenciais para os empregos do futuro. “A educação bilíngue está alinhada às diretrizes da UNESCO e OCDE para o Education 4.0, promovendo habilidades para o século XXI, reforçadas pelo ensino em dois idiomas”, sintetiza o relatório da EduAll (2025). Em um cenário de trabalho automatizado e globalizado, quem domina apenas uma língua, dominará cada vez menos o próprio destino. O bilinguismo como passaporte para o futuro Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Maple Bear: o mundo invade a sala de aula No Sul Fluminense, a Maple Bear Penedo é hoje o principal exemplo de ensino bilíngue internacional. Com metodologia canadense reconhecida mundialmente, a escola combina imersão total em inglês com as diretrizes nacionais em educação, associadas ao português, através de um currículo baseado em descobertas, natureza e pensamento crítico. Ali, as crianças aprendem matemática, ciências em inglês, desenvolvem projetos bilíngues e constroem vocabulários do futuro com naturalidade. Mais do que uma escola, a Maple Bear representa uma escolha de futuro — e se tornou a primeira opção entre famílias estrangeiras que se mudam para o Sul Fluminense em busca de educação internacional de qualidade. Marilize Diniz, diretora da Maple Bear Penedo, complementa: “Em mais de vinte anos dedicados à educação, dez deles na Maple Bear, pude acompanhar alunos chegando ao Ensino Médio com uma postura verdadeiramente global, cidadã e genuinamente comprometida com o futuro, em dimensões que vão muito além do socioeconômico. São jovens que desenvolvem senso crítico aliado à empatia e à gentileza no relacionamento com o outro, fruto de um ensino colaborativo no qual as diferenças são compreendidas como potencialidades quando somadas. Assim, tornam-se capazes de trabalhar em equipe, dialogar com respeito e propor soluções que ultrapassam as próprias necessidades, contribuindo de forma ativa e consciente para a sociedade como um todo.” O bilinguismo como passaporte para o futuro Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Conclusão: Porque o futuro não espera - nem traduz O bilinguismo não é mais um luxo pedagógico, é uma necessidade cognitiva, emocional e econômica. “As habilidades essenciais para o futuro caminham lado a lado com o aprendizado de uma segunda língua, como se naturalmente se conectassem. Agora, imagine unir isso a uma abordagem de ensino que vai muito além da memorização: uma educação que ensina a pensar, amplia a visão de mundo, estimula a criatividade na resolução de problemas, fortalece a resiliência e incentiva o cuidado com a natureza. É exatamente isso que buscamos oferecer a nossos estudantes todos os dias”, comenta Marilize Diniz. Enquanto o mundo avança, as crianças que crescem monolíngues podem apresentar desvantagens no futuro. Afinal, aprender duas línguas é aprender a pensar de dois jeitos e essa pode ser a maior vantagem que uma criança pode ter ao longo deste século XXI.

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