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O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo

O Fórum Econômico Mundial alerta: o modelo educacional está se tornando obsoleto. No Sul Fluminense, as crianças acordam às seis da manhã para estudar em ...

O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo
O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo (Foto: Reprodução)

O Fórum Econômico Mundial alerta: o modelo educacional está se tornando obsoleto. No Sul Fluminense, as crianças acordam às seis da manhã para estudar em um sistema que parou no tempo. O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Ainda é bem cedo quando a maioria das crianças do Sul Fluminense acordam. Às seis da manhã, mochilas enormes, olhos sonolentos, mães apressadas. Elas cruzam ruas ainda frias e, às sete, já estão em fila diante de prédios de concreto. Lá dentro, o tempo não passou: o quadro negro continua no centro da sala, e o silêncio ainda é o ideal do bom aluno. Enquanto isso, o mundo lá fora virou outro. A cada mês, a tecnologia dá um salto que desafia o próprio conceito de aprendizado. Tesla e OpenAI lançam robôs, e Bill Gates afirma que a inteligência artificial deve superar o cérebro humano em cinco anos. O que antes parecia ficção científica agora está moldando o trabalho, a economia e a vida cotidiana — e a escola, desenhada para o século passado, segue ensinando respostas para perguntas que o futuro já não faz. O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo O alerta global O Fórum Econômico Mundial (WEF) vem repetindo um diagnóstico incômodo: a escola tradicional está desconectada do futuro. “Há uma desconexão entre as demandas dos empregadores e a formação dos profissionais recém-saídos do sistema educacional”, aponta o estudo Educação e Habilidades (WEF, 2021). O relatório Future of Jobs 2025 projeta que 85 milhões de empregos serão substituídos por máquinas e algoritmos, enquanto 97 milhões de novas funções surgirão, exigindo competências que as escolas raramente desenvolvem: criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas complexos, colaboração e resiliência. O mesmo relatório alerta que 65% das crianças que estão hoje no ensino fundamental irão trabalhar em profissões que ainda nem existem. Segundo o WEF, “as áreas prioritárias incluem a redução das lacunas de habilidades e o investimento em requalificação para adaptação às novas demandas do mercado”. "A escola tradicional está desconectada do futuro; só uma educação baseada em competências, habilidades socioemocionais e aprendizagem ativa pode preparar os estudantes para os desafios do século XXI." afirma Andréa Hohne Demonte, coordenadora do Ensino Fundamental na Maple Bear Penedo. O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Um modelo que não acompanha O sistema atual nasceu para a era industrial. Alunos enfileirados, horários rígidos, notas e provas — uma engrenagem eficiente para formar trabalhadores previsíveis. Mas, no século XXI, a previsibilidade virou desvantagem. As universidades que o WEF reconhece como faróis da Education 4.0 — Harvard, Yale e Arizona State University — adotam outro paradigma: aprendizado ativo e interdisciplinar, com professores como mediadores. “Mais do que conteúdos fixos, o foco deve estar no desenvolvimento de pensamento computacional, resolução de problemas e criatividade”, afirma o relatório Education 4.0 Lighthouse (Google for Education/WEF, 2018). Em escolas da Ásia, como a SK Putrajaya Presint na Malásia, a matemática se mistura à jardinagem e à robótica. O ensino STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) conecta teoria e prática para desenvolver tanto a lógica quanto a empatia — as duas faces de uma inteligência realmente humana. O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo A crise que não é de oportunidades, é de metodologia A educação continua funcionando como se preparar significasse decorar. As crianças aprendem a passar na prova, não a formular perguntas. E é nesse ponto que a crise se instala. É esse cenário que faz pais como Fred Weissmann, ex-aluno do Santo Agostinho e pai de duas alunas da Maple Bear Penedo, refletirem: “Venho de uma escola tradicional, o Santo Agostinho do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, e vejo que o modelo que funcionou para a minha geração não dá mais conta do mundo das minhas filhas. Com IA, robôs e profissões que nem existem ainda, elas vão precisar aprender a pensar, criar e se adaptar, muito além de decorar conteúdo. O ensino precisa acompanhar o novo mundo que está nascendo.” Fred Weissmann – Pai de duas alunas da Maple Bear Penedo O WEF recomenda seis ações urgentes: 1. Atualizar currículos para o século XXI. 2. Formar professores em metodologias ativas. 3. Usar tecnologia para personalizar o aprendizado. 4. Investir em requalificação constante. 5. Criar alianças entre escolas, empresas e governos. 6. Garantir inclusão e equidade. O ensino precisa se adaptar ao novo mundo que está surgindo Foto/Divulgação: Maple Bear Penedo Um futuro que já começa aqui Em meio a esse cenário global, algumas escolas da região começam a mudar. A Maple Bear Penedo, parte da rede canadense de ensino bilíngue, tornou-se um exemplo vivo da chamada Education 4.0. As aulas ocorrem em contato com a natureza, a aprendizagem acontece em dois idiomas, e o ambiente é pensado como agente educador — das aulas na floresta às aulas na sala de matemática, onde crianças exploram, constroem e testam. “As antigas fileiras de carteiras já não fazem sentido para crianças que nasceram na era digital. Hoje, a escola precisa ser mais envolvente e significativa do que qualquer tela. Por isso, é emocionante liderar uma instituição que aposta na aprendizagem ativa, no protagonismo dos estudantes e no contato com a natureza, despertando cuidado, curiosidade e propósito. Tenho certeza de que estamos preparando nossas crianças, com amor e intencionalidade, não apenas para o mundo de hoje, mas para o futuro que elas merecem — e que certamente irão transformar”, afirma a diretora da Maple Bear Penedo, Marilize Diniz. Projetos STEAM e metodologias ativas substituem o ensino decorado. O foco é desenvolver competências que o futuro exige: pensar, colaborar e criar. A escola aposta na curiosidade como motor de aprendizado — e devolve às crianças o protagonismo que o modelo tradicional lhes tirou. Enquanto isso, do lado de fora, as crianças do Sul Fluminense continuam acordando cedo, mas algumas delas já estão aprendendo para o mundo que está nascendo — não para o que ficou para trás. As habilidades que mais crescerão até 2025 (WEF) 1. Pensamento analítico e inovação 2. Aprendizagem ativa 3. Resolução de problemas complexos 4. Pensamento crítico 5. Criatividade e iniciativa 6. Liderança e influência social 7. Uso e controle de tecnologia 8. Resiliência e flexibilidade 9. Inteligência emocional 10. Colaboração e negociação

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