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Estouro de adutora em Rocha Miranda alagou rua em 20 segundos; vídeo

Rompimento causou a morte de idosa de 79 anos, que dormia quando a casa dela foi invadida pela água. Imagens exclusivas mostram estouro de adutora que causou ...

Estouro de adutora em Rocha Miranda alagou rua em 20 segundos; vídeo
Estouro de adutora em Rocha Miranda alagou rua em 20 segundos; vídeo (Foto: Reprodução)

Rompimento causou a morte de idosa de 79 anos, que dormia quando a casa dela foi invadida pela água. Imagens exclusivas mostram estouro de adutora que causou morte de idosa Imagens exclusivas obtidas pelo RJ2 mostram o estouro da adutora que causou a morte de Marilene Rodrigues, de 79 anos, na madrugada desta terça-feira (26), em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio. A idosa, que morreu soterrada, foi enterrada nesta quarta-feira (27). Menos de 10 segundos foram suficientes para que o trecho da Rua das Opalas fosse destruído pela força da água em frente à casa da idosa. O jato de água ultrapassou a altura das casas e, em 20 segundos, a via inteira ficou alagada. Outra imagem, gravada pela câmera de uma padaria, mostra que a água formou ondas e invadiu as casas e as lojas. Com a enxurrada, a casa da idosa desabou. Ela morreu soterrada. A filha dela, Suelen Belo, passou 1 hora sob os escombros. Ela foi resgatada com vida pelos bombeiros: "Eles tiraram o teto, entraram e me puxaram". A casa ao lado, onde moravam a filha, os netos e outros parentes de Marilene, foi interditada. Eles não puderam entrar nem para pegar os pertences. "Agora que a gente conseguiu um espaço para ficar. Foi muita briga, muita luta desde cedo. As minhas advogadas lutando para arrumar um lugar pra gente ficar, porque mandaram a gente para um abrigo, para um hotel fora do Rio, em São João de Meriti", disse a filha de Marilene, Monique Rodrigues. Vanessa Dias, advogada da família, disse que nesse momento o fundamental é garantir moradia para as famílias que estão desalojadas e o custeio de itens básicos de higiene e alimentação. À direita, Marilene Rodrigues Reprodução A família se queixa de ter recebido apenas bandejas de massas congelada e sanduíches. Em nota, a concessionária Águas do Rio disse que "ofereceu estadia temporária em hotel e alimentação para as três famílias que tiveram as residências atingidas. A concessionária afirmou que manterá esse apoio até que a Defesa Civil faça a desinterdição dos imóveis". Só este ano, aconteceram 17 vazamentos ou rompimentos de adutoras e tubulações de grande porte no Rio e na Baixada, segundo a própria Águas do Rio. Uma lei de outubro de 2013 determina a ausência de edificações nas áreas operadas pelas concessionárias de saneamento, onde estão implantadas adutoras. A lei diz ainda que a Agenersa, que é a agência reguladora, teria 90 dias para definir quais seriam essas áreas não edificáveis. De acordo com o deputado estadual, Luiz Paulo (PSD), autor da lei, isso nunca aconteceu. “Exatamente para evitar um acidente das proporções como aquele que ocorreu em 2013. Destruição de casas e mortes.” Em 2013, uma adutora de água se rompeu na Estrada do Mendanha, em Campo Grande, causando a morte da menina Isabela dos Santos, de 3 anos. A água chegou a 2 metros de altura e atingiu imóveis em pelo menos 3 quarteirões. “Onze anos se passaram e um novo acidente voltou a ocorrer porque o estado ficou sem agir. A Agenersa não agiu. Nem tampouco as concessionárias. A gente tem que trabalhar na prevenção, antes que o acidente ocorra.” Vovó Lena, no TikTok Quem era Vovó Lena, morta em rompimento de adutora no Rio, que fazia sucesso no Tiktok Sob comoção, parentes e amigos se despediram de Vovó Lena, como Marilene era conhecida no TikTok, onde tinha mais de 18 mil seguidores e fazia sucesso com vídeos engraçados dançando e cantando funk – um deles com mais de 2,5 milhões visualizações. Ela deixou órfãos cinco filhos, nove netos e dois bisnetos. “Minha mãe era alegre forte e acontecer isso, a vida dela ser interrompida por causa disso, eu não aceito”, disse a filha Monique. O enterro aconteceu esta tarde no Cemitério de Irajá, na Zona Norte. Durante 3 horas, o velório reuniu dezenas de pessoas que admiravam a forma alegre e leve que ela escolheu para levar a vida. O momento foi de tristeza e despedida, mas também de revolta e indignação. O cunhado de Marilene, Sebastião, de 70 anos, morava no mesmo imóvel, no andar de cima. Durante o enterro, ele ainda vestia as roupas que usava na hora do acidente. Disse que perdeu tudo e, assim como parte da família, também se sente desassistido. "Ontem, por exemplo, eu fiquei na rua porque não tinha hospedagem. Tive que tomar um banho na casa de um amigo. Tá muito difícil". O que dizem os envolvidos A Águas do Rio afirmou que as famílias afetadas pelo estouro da adutora estão recebendo suporte contínuo e que o reparo na Rua das Opalas deve ser concluído na noite desta quarta-feira (27). O RJ2 perguntou à concessionária onde estão as adutoras e quais as áreas que oferecem mais risco, mas não houve resposta. A Águas do Rio declarou apenas que o sistema é complexo e antigo na Região Metropolitana e que a modernização está em curso. Disse também que durante a paralisação do Guandu na terça-feira foram feitas 80 intervenções na tubulação. O Ministério Público disse que a 4ª Promotoria de Justiça está investigando o rompimento da adutora em Rocha Miranda. A Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do estado (Agenersa) informou que as áreas onde não pode haver construção de imóveis no entorno de adutoras foram definidas em 2014 e cabe aos municípios fazer a fiscalização. O RJ2 procurou a Prefeitura do Rio e aguarda retorno.

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